NÃO ME DELETE, POR FAVOR - Por Luciana Chardelli

Publicado em artes e ideias por Luciana Chardelli - 13.02.2014.

“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.” (Zygmunt Bauman).


O sociólogo polonês Zygmunt Bauman declara que vivemos em um tempo que escorre pelas mãos, um tempo líquido em que nada é para persistir. Não há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente necessário. Tudo é transitório. Não há a observação pausada daquilo que experimentamos, é preciso fotografar, filmar, comentar, curtir, mostrar, comprar e comparar.

O desejo habita a ansiedade e se perde no consumismo imediato. A sociedade está marcada pela ansiedade, reina uma inabilidade de experimentar profundamente o que nos chega, o que importa é poder descrever aos demais o que se está fazendo.

Em tempos de Facebook e Twitter não há desagrados, se não gosto de uma declaração ou um pensamento, deleto, desconecto, bloqueio. Perde-se a profundidade das relações; perde-se a conversa que possibilita a harmonia e também o destoar. Nas relações virtuais não existem discussões que terminem em abraços vivos, as discussões são mudas, distantes. As relações começam ou terminam sem contato algum. Analisamos o outro por suas fotos e frases de efeito. Não existe a troca vivida.

Ao mesmo tempo em que experimentamos um isolamento protetor, vivenciamos uma absoluta exposição. Não há o privado, tudo é desvendado: o que se come, o que se compra; o que nos atormenta e o que nos alegra.

O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angustia. Filosoficamente a angustia é o sentimento do nada. O corpo se inquieta e a alma sufoca. Há uma vertigem permeando as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser deletado: o amor e os amigos."

Nota: excelente texto para uma bela reflexão. Nos meus atendimentos as pessoas expressam a solidão por não conseguirem aprofundar os seus relacionamentos. Tudo é passageiro. E tudo é rápido demais. Não há tempo para "sentir". 

Você deleta (10) as pessoas do seu convívio? 
Você se aprofunda (34) nas relações? 
Ou tudo é festa (20)?
Como você faz com contato (25) com você e com o outro?
Como você se expressa (27)? 
Como você se relaciona (25)? 
Como você ama (24)?
Você se sente ansioso (06)?
Você se sente sozinho (19)?
Você se sente em paz (30)?

Apenas uma reflexão...

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